Olival Freire Júnior, do CNPq, recordou o período de incertezas vivido recentemente pela comunidade acadêmica durante e governo anterior, para em seguida declarar que não podia deixar de citar duas medidas que ilustram uma mudança de atitude do governo federal. A primeira foi a inclusão da área de ciência e tecnologia no “governo de transição”, que permitiu, segundo ele, a estabilização orçamentária da área, com o reajuste das bolsas de iniciação científica e a ampliação de novas bolsas para novos pesquisadores. A outra medida foi o destravamento do contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, que se concretizou no início de março. Olival finalizou dizendo que, entretanto, tudo isso ainda não tem sido o suficiente “porque o Brasil tem pressa”.
O pró-reitor Ronaldo Lopes Oliveira lembrou que quando o reitor Paulo Miguez iniciou sua gestão, em agosto de 2022, vivia-se, no país, um período “extremamente turbulento e que nós sabemos o que significou para a nossa ciência, para o que se produz na Universidade, para nossa arte, nossa cultura e para as nossas tecnologias, que atravessam a formação universitária, seja na graduação, seja na pós graduação”. Naquele momento, ele disse, foi colocada a necessidade de incentivar mais ainda as atividades “para fora dos muros” da Universidade. “Nosso desejo naquele momento era que o que a gente estivesse idealizando não fosse para nós, mas de nós para quem nos acompanha.” Lembrou ainda que isso foi pensado durante a pandemia, com poucos recursos e possibilidades, vivendo no mundo virtual – o que não impediu que se mantivesse a orientação de que a UFBA continuasse indo ao encontro da sociedade, “onde os nossos futuros e futuras cientistas estão”.
O secretario André Joazeiro enfatizou a Secatec enquanto ação de popularização da Ciência “principalmente para nossos estudantes do ensino médio”, pois “é lá que eles precisam começar a entender que essa carreira [universitária] é possível, e que ciência e tecnologia não são coisas distantes”. Para Joazeiro, essa popularização é muito importante para os estudantes de escolas públicas da periferia e do interior do estado, que se sentem deslocados do universo da formação superior, e que é também função da Secretaria de Ciência e Tecnologia estimular esses jovens, porque eles são “o futuro da Ciência do da Bahia, então a gente tem que apostar neles”.
Reitor destaca articulação nacional
O reitor Paulo Miguez ressaltou a importância da articulação dos governos federal e estadual com a presença do mundo universitário na Semana Nacional de Tecnologia e Ciência. “Devo dizer que esta é uma semana já que aponta para uma vitória importante, uma semana nacional no melhor sentido da palavra, acolhida na dimensão de outros entes federativos e de outras instituições da vida brasileira, como é o caso da Universidade Federal da Bahia.”
Miguez lembrou ainda que a Secatec é uma oportunidade especial de apresentar o que a ciência diz para aqueles que não convivem com os cientistas e não têm, no seu dia-a-dia, um contato com a ciência, “embora não possam experimentar nenhum dia das suas vidas sem que a ciência tenha facilitado o convívio com os acontecimentos do cotidiano”. Para o reitor, eventos como esse, com foco na popularização da ciência, garantem efetivamente que, mais à frente, existam mais pessoas dispostas a levar adiante o desafio da produção científica. “É uma semana em que também serão apresentadas as demandas necessárias para a recomposição dos fundos para o desenvolvimento da Ciência neste país”, lembrou. Miguez concluiu celebrando a superação do obscurantismo e do negacionismo, com um agradecimento “a cada cientista, a cada professor, a cada gesto na direção da produção científica, por aquilo que é o resultado disso, que é celebrarmos a vida”.
Após a fala do reitor foram distribuídas “lembranças” aos parceiros da Secatec: a Fundação Aleixo Belov, o Museu Náutico/Farol da Barra, o Espaço Colabore, o Sebrae, , o Museu de Arte Moderna da Bahia, o Horto Florestal (em Camaçari), o Instituto Multidisciplinar em Saúde (Vitória da Conquista), além da Secretaria de Educação do Estado da Bahia e a Secretaria Municipal de Educação de Salvador.
Palestra Magna
Dando sequência às atividades, a diretora de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Sonia Costa, iniciou a palestra magna da Secatec, apresentando a atual estrutura do MCTI, que funciona hoje com quatro secretarias voltadas à questão das pesquisas em Ciência e Saúde; outra voltada à área da Tecnologia e Inovação; uma outra voltada para a questão da transformação digital; e finalmente a Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), onde exerce a diretoria de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva.
Sonia Costa explicou como estão sendo construídas as políticas públicas para esses setores específicos nos departamentos que compõem a Sedes e que trabalham com a popularização da ciência e educação científica; segurança ambiental e nutricional; tecnologia social e economia solidária e tecnologia assistiva, voltada às pessoas com necessidades especiais.
A diretora destacou ainda a retomada de uma atividade preocupada com a saúde básica e com a inovação, incentivando a criação de novos parques tecnológicos, e também a necessidade de uma transformação digital que acompanhe as mudanças que acontecem a todo o momento na área, como é o caso do desenvolvimento da inteligência artificial. Foi ressaltado que todas as iniciativas são pautadas pela questão da sustentabilidade, seja na sua dimensão social, econômica ou ambiental.
Costa antecipou algumas informações sobre os próximos chamamentos do MCTI, que serão publicados ainda este ano, adiantando que o tema mais destacado nesse momento é a da segurança alimentar “em um país onde 123 mil pessoas têm dificuldade de ter ao menos uma alimentação saudável mínima necessária por dia”. Destacou também o eixo da tecnologia social, com ações construídas em interação direta com as populações, que devem passar a usufruir dessas tecnologias, apropriando-se delas, como no caso da tecnologia voltada para as pessoas com deficiência, área já bem consolidada no ministério, segundo a gestora, com mais de 200 estudos e pesquisas realizados.
Sonia Costa destacou ainda as competências da Sedes para implementar políticas e programas destinados ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação considerando os biomas e povos originários e as comunidades tradicionais que neles vivem e praticam as suas atividades econômicas sustentáveis, em especial na Amazônia legal; e de promover a proposição de políticas e a definição de programas estratégicos, em conformidade com as recomendações das conferências nacionais nos campos da ciência, tecnologia e inovação, e demais conferências nacionais.
*Fonte: Edgar Digital